Em artigo publicado pelo gerente de bioeletricidade da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia, Zilmar Souza, foi informado que entre 2019 e 2021, a geração de bioeletricidade sucroenergética acumulou-se em 109.929 GWh, sendo suficiente para suprir o consumo de energia elétrica no mundo inteiro por quase dois dias.
Outro destaque do artigo, foi que desde 2013, o setor sucroenergético produz bioeletricidade mais para a rede do que para o consumo próprio e que a exportação da produção de bioeletricidade pelo setor sucroenergético, em 2021, foi de 59% para a rede nacional e 41% para o autoconsumo das usinas.
O setor sucroenergético, ainda em 2021, também foi responsável por produzir 20.201.708 MWh para a rede, reduzindo em 10,6% quando comparado com 2020, considerando que foi vivido neste ano, a pior crise hidrológica desde 1930, segundo a ONU, além de uma menor oferta de cana-de-açúcar na safra em função das condições climáticas adversas excepcionais, com forte estiagem e sucessivas geadas no período.
O gerente explica ainda, em seu artigo, que entre maio e novembro de 2021, por conta de um período considerado seco e crítico no setor elétrico,o total da geração de bioeletricidade sucroenergética para a rede chegou a 85% do total e ressalta a relevância da safra canavieira na Região Centro-Sul, tradicionalmente iniciada em abril de cada ano.
O especialista ressalta que os 20.201.708 MWh da bioeletricidade sucroenergética ficam responsáveis por representarem geração estratégica para o país, equivalente a 30,4% da geração de energia elétrica pela Usina Itaipu em 2021, 63,5% da geração pela Usina Belo Monte ou 31% de toda a geração termelétrica a gás em 2021.
Além disso, o autor ratifica a redução das emissões de CO2 estimadas em 7 milhões toneladas, marca que somente seria atingida com o cultivo de 49 milhões de árvores nativas ao longo de 20 anos, e a terem poupado 14% da energia total capaz de ser armazenada sob a forma de água nos reservatórios das hidrelétricas do submercado Sudeste/Centro-Oeste, por conta da maior previsibilidade e disponibilidade da bioeletricidade justamente no período seco e crítico para o setor elétrico brasileiro.
No artigo, o autor descreve que entre janeiro e julho de 2022, a bioeletricidade ofertada para a rede foi de quase 10 milhões de MWh, sendo a geração com o bagaço e a palha da cana-de-açúcar responsáveis por 65,5% da oferta total pela bioeletricidade para a rede no país.
Quando se compara este valor atingido nos primeiros sete meses de 2022, com o mesmo período de 2021, houve queda de 9,7% que podem ser atribuídas à queda na oferta de bioeletricidade sucroenergética à rede, impactada pela redução da moagem de cana-de-açúcar, pois a posição acumulada da moagem entre 1º de abril de 2022 e 1º de julho de 2022 em relação a igual período em 2021 foi de queda de quase 12% na Região Centro-Sul, principal região produtora no país.
No entanto, apesar de constatar-se esta redução no primeiro semestre do ano passado, os 6.268.684 MWh ofertados foram equivalentes a quase duas vezes a geração somada de todas as térmicas a carvão mineral e a óleo no mesmo período.
Para se fazer esta prospecção, é importante considerar que, atualmente, a fonte biomassa tem 16.771 MW em potência outorgada, com 615 centrais geradoras, representando 9% da matriz elétrica brasileira (186.871 MW). A potência outorgada à biomassa sólida da cana-de-açúcar é de 12.060 MW (72% da fonte biomassa em geral), com 415 centrais geradoras, e a potência outorgada ao biogás agroindustrial é de 31,9 MW com apenas quatro centrais geradoras, segundo a Aneel.
Outro detalhe importante é que em todo o ano de 2021, a fonte biomassa instalou 755 MW, representando 10% do total de acréscimo instalado na matriz elétrica brasileira por todas as fontes de geração (7.562 MW). De janeiro até 15 de agosto de 2022, a fonte biomassa acrescentou 576 MW novos à matriz elétrica brasileira, com a previsão de acrescentar mais 323 MW até o fim deste ano, totalizando 899 MW previstos para 2022, representando novamente 10% do total de acréscimo previsto na matriz elétrica por todas as fontes de geração neste ano (8.717 MW).
Agora, quando se fala em previsões para os anos subsequentes, o autor afirma que segundo a Aneel, em 2023 e 2024, a fonte biomassa deverá acrescentar 248 MW e 591 MW à matriz elétrica brasileira, representando 2% e 7% da expansão prevista para a matriz respectivamente, diminuindo, portanto, a representatividade da fonte biomassa na expansão anual da matriz elétrica brasileira.